Eu só tinha 8 anos, lembro que eu estava sentada na grama verdinha e macia bem no meio do parque. Eu adorava observar as pessoas passeando. Todos pareciam tão felizes. Eu imaginava comigo mesma, e seu eu fosse aquela outra pessoa, como eu seria? Quando olho para o lado, me deparo com uma família arrumando um piquenique, estavam todos bem animados. As crianças pulavam e dançavam de alegria em torno dos pais. Um suspiro triste sai de minha alma; meus pais estavam sempre tão ocupados. Em momentos assim eu me sentia só. Decido ir para o balanço já que não tinha ninguém lá. Ao contrario de Clarice Lispector, não creio que a solidão sirva de companhia. Deixei as lágrimas vazarem que há tanto tempo estavam reprimidas, chorei tanto que senti meus olhos incharem, meus cabelos com certeza estavam bagunçados com o vento. Eu permaneci estática no Balanço por um bom tempo, estava sem forças para me movimentar. A dor da alma é a pior que existe.
De repente uma mão delicada toca na minha, viro-me e me deparo com um lindo garoto de rosto angelical olhando pra mim, as palavras fogem de minha boca levando consigo a razão. Ele sorri de um jeito tão meigo e segura minha mão com força, enquanto o vento aproveita para bagunçar seus cabelos. O garoto me diz alguma coisa, mais eu não entendo. Ele solta minha mão, eu digo não! Eu precisava de seu toque reconfortante novamente.Quando surpreendentemente ele meu empurra com força e em segundos me vejo voando. O balanço parece ganhar vida e me leva para cima e para baixo. Tão alto que por um momento acho que vou tocar o céu. Estava tão feliz que nem percebi quando o balanço perdeu a velocidade e parou, eu me virei apressada e ele ainda estava lá, sorri abobalhada e nesse momento vejo uma mulher gesticulando em nossa direção e o garoto acena de volta, meu coração murcha sinto que ele já vai.
Ele sorri novamente pra min e quando olho em seus olhos vejo muitas promessas e eu acreditei em todas elas. Ele me diz que já vai neste momento, eu consigo sussurrar um tudo bem. Ele beija minha bochecha me fazendo esquecer de respirar, então se vira e vai embora. Decido voltar pra casa, uma lágrima desce de meu rosto, mas um sorriso desabrocha também, trazendo a esperança de que amanhã será ainda melhor.
Eu tenho um problema parecido com pais ausentes. Os meus estão sempre trabalhando, e a gente quase não passa tempo junto, e isso é muito triste para os filhos =/
ResponderExcluirEu achei lindo o modo como você descreveu a relação entre o menino e a menina, que abalou tanto ela mesmo sem palavras trocadas. Muito bonito.
Beijos.
É incrível a maneira que o amor entre as crianças surge de maneira tão simples, né? Quando crescemos, parece que se torna cada vez mais difícil fazer amizade com alguém.
ResponderExcluirAmanhã será melhor. Quem é que nunca pensa assim, só pra esquecer aquilo que lhe fez triste no dia?
A solidão nunca me serviu de companhia. Clarice estava errada, ao menos nesse ponto, ao menos pra mim.
Você escreve muito bem!
Parabéns!
Beijinhos!
Assim mesmo acontece em nossa vida: em meio aos desalentos, Deus manda um anjo que nem precisa usar muitas palavras pra nos fazer sorrir. Garota, amei o post, arrasou!
ResponderExcluirMeninassentem.blogspot.com
Achei esse texto muito lindo, adorei mesmo a forma como você escreve e como descreveu tudo. Queria saber escrever assim.
ResponderExcluirBeijinhos
Ann
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