WebNovela: Enquanto durar o verão (cap.5)

 Já fazia uma semana que eu tinha visto o John. Desde aquele noite que ele me encontrou, sozinha, perdida e triste na praia eu sentia vontade de apertar sua mão e agradecer por tudo. A verdade é que mesmo só tendo conversado com ele poucas horas, ele me surpreendeu muito... Afinal, quem era John Voltolin? O garoto superficial que eu sempre achei ou um cara legal que ajudava a filha dos vizinhos? Ou nenhum dos dois? Aquele garoto me intrigava, muito. Mas, eu sabia que no fundo eu tinha que tirar aquilo da cabeça. Algo me dizia que com ele seria mais fundo do que eu poderia ir. E eu nunca gostei de pisar no desconhecido. Embora já tivesse feito isso, não iria arriscar mais uma vez. Como dizia meu avô: Cuidado com o coração, ele não é pedra. E ele estava certo, meu coração poderia ser tudo, menos de pedra.  E além do mais, estou sensível com tudo que ta acontecendo na minha família. Talvez, esses pensamentos sobre o John sejam um escape da realidade que está tão próxima de virar a tona. Eu estava com medo, com muito medo.

- Posso saber o que está pensando, querida? - Meu pai interrompeu meus pensamentos, sentando ao meu lado na rede da varanda. Resolvi ir logo ao ponto crucial da história, eu precisava saber. Não aguentava mais manter aquele segredo dentro de mim.
- Por que não diz o motivo a mamãe, pai?
- O motivo de quê, Ju? Pela sua cara de surpresa ele já sacara que eu desconfiava de alguma coisa.
- Da separação.
- Como soube? -Disse levantando da rede e se pondo de pé a minha frente. Tirou os óculos escuros do meu rosto e me olhou de um modo duro.
- Por que não conta, pai? A mamãe está confusa e afinal como pode fazer isso com ela? Vocês são casados a 25 anos! Como pode acabar assim? Por causa de biscate, uma amante? Isso é...
- Chega Júlia. - Meu pai parecia furioso, mas eu não me sentia nem um pouco intimidada. Se tem uma coisa que eu era muito parecida com ele, era enfrentar as pessoas de frente sem me importar com a reação de quem quer que for, para esclarecer logo o assunto.
- Por que? - Perguntei suplicando com meus olhos. Eu queria que meu pai se redimisse, que pedisse perdão. E que dissesse que amava minha mãe. Mas, como eu esperava nada disso aconteceu. Ainda em pé, me olhando nos olhos ele disse:
- Eu e sua mãe fomos muito felizes. Mas, tem uma hora que o amor chega ao fim, Júlia. Não importa quanto tempo ele durou, sempre tem um fim.
- Não acredito nisso. Aprendi com o senhor, que para sempre existe, lembra?
- Isso não acontece sempre. Você vai entender um dia.
- Não pai. Nunca vou entender.
- Vai sim.
- Você vai se casar com ela?
- É que eu pretendo. Espero que você seja madura o suficiente para entender e que ajude seus irmãos a me compreender também.
- Pai, o senhor ta acabando com a nossa família... O senhor não ama outra mulher! Ela envenenou sua cabeça não foi? Ela é mais nova que você? Talvez, ela só quera seu dinheiro! Ela sabe, o senhor sabe que o amor da sua vida é a mamãe. Eu cresci ouvindo isso!
- Júlia, a Joanna me ama. Não tem nada a ver com meu dinheiro. O tempo passou. As pessoas mudam, os sentimentos mudam. 
- E o senhor acha que os sentimentos da minha mãe mudaram? - Perguntei olhando no fundo de seus olhos.
- Ela vai superar isso. Sabemos o quão forte ela é. - Disse sentando novamente ao meu lado na rede.
- Não consigo acreditar que isso tudo está acontecendo. Faz tempo, não faz? Por que ninguém me disse? 
- Querida, eu e sua mãe não podemos envolver você nos nossos problemas. - Falou me abraçando pelos ombros. Mas, nesse momento eu estava ferida e a última coisa que desejava era um abraço do meu pai. Tomei pra mim as dores da minha mãe e sabia que ela estava sofrendo muito. Me levantei da rede rapidamente e olhei em seus olhos. 
- A decisão é sua pai. O senhor tem razão não posso me envolver no casamento de vocês dois. Mas, não espere que eu seja a mesma com você depois de tudo. E mais uma coisa, é melhor o senhor contar logo pra ela. Antes que eu faça isso! - Dei as costas a meu pai. E fiz isso sem olhar pra trás. Voltei pra dentro de casa e vi meu tio Chico e meu avô paterno jogando xadrez.
- Que tal uma partida, Julia? - Disse meu avô Nino, concentrado no jogo.
- Obrigada vô, mas não quero atrapalhar o jogo de vocês dois. - Falei me sentando no sofá pra assistir.
- Xeque mate, ganhei Chico. - Disse meu avô com uma alta gargalhada.
- Tudo bem, lá vou eu com mais uma derrota. Mas, vai ter revanche! - Replicou meu tio com cara de chateado.
- Claro, claro. Agora saia, a Júlia vai jogar comigo. Venha sente aqui, Júlia. - Disse vovô com aquela voz autoritária. Meu tio saiu rapidamente da sala fechando a porta atrás de si. Ocupei seu lugar e disse:
- O senhor sabe que vou perder.
- Júlia Ducce, por que você está tão triste minha menina? - Falou pegando minha mão e pondo entre as suas.
- Ah, vovô! O senhor sabe, não sabe? - Respondi com a voz embargada pelas lágrimas.
- Sei.
- Isso é tão triste. Minha família...
- Olhe pra mim. - Levantei meus olhos e fitei os olhos do meu avô. Ele já estava tão velhinho. Mas, naquele momento me pareceu um homem jovem e lindo cheio de sabedoria para compartilhar.
- A sua vida é a sua vida. O mundo pode cair, mas enquanto vivemos temos que viver. Problemas, desilusões, tristezas e amargura fazem parte da história de qualquer ser humano. Mas, a obrigação é nossa de converter tudo isso em alegria. Os problemas só vão te atingir se você deixar. Nunca esqueça disso.
- Obrigada, vô. - Disse me levantando e dando um abraço bem forte nele.
Ficamos um bom tempo abraçados. Até que minha Tia Lulu, invadiu a sala com seu jeito de sempre.
- Júlia, minha querida! Tem visita pra você!
- Quem tia?
- Um rapaz lindo! O mesmo que trouxe você aquela noite da praia. Lembra?
- Ah, não o John, o que será que ele quer comigo?
- Por que você não vai saber? - Disse com um sorriso irônico. - Me soltei do abraço do vovô e fui até a porta da frente. Antes de abrir pude ver pela brecha da porta. Ele estava encostado em uma árvore, vestido com uma blusa leve e o short de sempre. Me senti feliz por ter colocado uma vestido mais alegre hoje. Pena, que tinha chorado tanto que meus olhos provavelmente já estavam inchados. Me dei conta que estava agindo como uma garota que estava a beira da paixão. Por favor, Júlia você não precisa provar nada pra esse cara, disse pra mim mesma. Tomei coragem, abri a porta e andei devagar até onde ele estava. Ele tirou os olhos do jardim, me fitou e disse:
- Olá, Júlia! Como vai? - Disse com seu mais belo sorriso.
- Bem, obrigada. E você? - Perguntei.
- Bem. Eu gostaria de te mostrar um lugar hoje... Na praia, que eu creio que você vai amar. Gostaria de ir comigo? - Perguntou me olhando nos olhos com intensidade. Sua voz estava com aquele tom de autoridade que não admitia um não. Mas, mesmo assim respondi:
- Eu agradeço a gentileza, mas tenho outros planos pra hoje. - Disse sem olhar nos seus olhos.
- Entendo. Parou de andar sozinha na praia a noite? - Perguntou com aquele tom de ironia que me irritava muito.
- Não é da sua conta. - Murmurei lhe dando as costas.
- Ei, preciso falar com você!
- Até outro dia, John. Hoje não tenho tempo.

Sexta-feira mais um capítulo de: Enquanto durar o verão.

Leias os capítulos anteriores aqui.

Comentários

  1. Tadinha da Júlia. Tão nova e já é difícil encarar essa situação com os pais. E olha, muita coragem a dela falar com o pai abertamente assim e definir sua posição. É tão mais fácil se perder e começar a fazer bobagem pra tampar esse buraco!
    E tomara que ela dê uma chance ao John! Ele não parece tão mal assim! HEHE

    Um beijo
    www.naotenhopressa.com

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  2. Cada dia que passa gostando mais dessa Webnovela. A Júlia está passando por um momento tão difícil na vida dela! Muito corajosa de dizer tudo assim ao pai dela! Espero muito que ela dê uma chance ao John, mais pode ter uma grande revira volta talvez. Ansiosa Ellen para a continuação.

    Clandestina a Bordo | FanPage | Twitter

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  3. Que triste essa situação com os pais dela. O Jonh parece ser um bom rapaz... torço pra que fiquem juntos. Amei seu texto, flor... ansiosa pela continuação. beijinhos

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  4. Nossa! Cadê o próximo capítulo?
    Sabe, um tempo atrás achei que meus pais fossem se separar e já foi dolorido, e olha que nem tinha outra pessoa na jogada.
    Entendo a Julia...
    Beijos

    Meu Meio Devaneio

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  5. Já estou ansiosa pelo o próximo capítulo, essa história está ficando ótima.
    Beijos!
    www.mahmaquiagens.blogspot.com.br

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  6. Ellen estouuu amando a web, posta o capitulo 6 hahah eu estou curiosa para saber no que vai dar essa históriia! kkk amandoo de verdade!

    flor eu exclui o meu blog antigo, da uma passadinha no meu novo blog e me segue?

    senhoritametamorfose.blogspot.com.br

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