WebNovela: Enquanto durar o verão (cap.4)

Acordei lentamente. Assim que abri meus olhos, uma confusão imensa passou pela minha cabeça. Lembrei do John, da suas ironias e do seu cuidado. Ainda não conseguia acreditar que ele se preocupou tanto comigo. Claro, que não foi nada demais. Ele deve ter sentido pena da garota queimando em febre. E afinal, nossas mães são tão amigas... Um gesto de caridade, como ele mesmo disse não faz mal a ninguém. Mas, eu estava surpresa, muito surpresa. Meu dever era agradecer por tudo. Embora, não sentia vontade nenhum de me encontrar novamente com ele. Sei lá, olhar em seus olhos me inquietava o coração. O que me deixava mais preocupada era a reação da minha família com o dia anterior. Tenho certeza que todos ficaram muito assustados. Não tinha ideia do que ia dizer a minha mãe. Quando estava me preparando pra me levantar da cama, ouvi três batidas na porta. Corri pro banheiro e ignorei quem quer que fosse. Logo após tomar um bom banho e vestir um leve vestidinho, me sentei na cadeira da minha penteadeira e comecei a pentear os cabelos. Reparei no meu celular em cima de alguns livros perto do espelho e o peguei. A bateria estava completa, alguém tinha o colocado pra carregar ontem a noite, assim que eu cheguei. Olhei pra tela e reparei mais de novas 30 mensagens e ligações. Várias da minha mãe, algumas do meu pai, tios e meu primo. Eu realmente tinha sido muito irresponsável. Fui lendo as mensagens e me sentindo cada vez mais culpada. A última recebida era de hoje de manhã, pelo Rodrigo, meu primo mais velho, quase um irmão pra mim. Ele perguntava:

-Podemos conversar?

- Provavelmente tinha sido ele que tinha batido na porta. Respondi rápido.

- Vem cá.

- Não tinha completado cinco minutos que eu tinha acabado de pentear o cabelo e o Rodrigo entra rapidamente no meu quarto sem bater na porta.

- Oi Ro!

- Xiii, estou brincando de esconde, esconde com as crianças. - Respondeu sentado no chão se encostando na porta do quarto.

- Ah, bom. - Falei sorrindo, meus irmãos, meus priminhos tão pequenos e inocentes. Gostaria de estar na idade deles novamente.

- Acho que eles vão me procurar lá fora. Quer me contar alguma coisa? - Esse era o Rodrigo, ele nunca me forçava a dizer nada. E podia me ouvir por horas, sem que eu dissesse o real problema. Ele era o irmão mais velho que eu nunca iria ter. E era muito especial. Sem contar que, ele realmente se importava comigo. Dava muita atenção aos meus sentimentos. A Dan, namorada dele, era uma garota de muita sorte.

- Se eu contar um segredo, você...

- Você quem sabe se deseja contar. Interrompeu. 

- Prefiro guardar pra mim por enquanto, tá bem?

- Tá ótimo. - Falou sorrindo. - Ei, rolou alguma coisa entre você e o John? Fiquei estupefato quando te vi dormindo no colo dele. Você meio que odiava o cara... - Só que o único problema do Ro, é que as vezes é que ele era extremamente direto quando se sentia curioso.

 - O que? Não, não rolou nada. Se me conhece, Ro! Como pode me perguntar isso?

- É realmente você é uma garota bem difícil, mas...

- Mas, nada! Ouviu? Continuo não gostando dele!

- Mas, Júlia esqueceu que ele cuidou de você ontem a noite? Você precisava ver a sua cara de anjo satisfeito dormindo no colo dele, viu?

- Eu estava ardendo em febre. Ele me deu um remédio e eu me senti tonta e... Senti que ele me colocou no banco de trás e ali adormeci. Foi só um gesto de caridade. Só isso.

- Caridade? Não me diga que você achou o John um cara caridoso? Ah por favor, Júlia! Você não é tão inocente assim.

- Para, Rodrigo! Foi só caridade sim! E o que mais seria? - Perguntei cruzando os braços, para externar minha indignação com todas aquelas perguntas idiotas.

- Você tem certeza? - Perguntou suspirando.

- Toda.

- Continua odiando o cara?

- Muito.

- Por que?

- Porque ele é superficial e irônico e... 

- Te deixa confusa e sem argumentos?

- Rodrigo, as crianças devem estar  te esperando, não? - Perguntei me virando na direção da janela. O Rodrigo estava louco em pensar que o John me atingia assim. Pra quem julgava me conhecer tanto...

- Ei, só pra te deixar mais aliviada, sua mãe já acalmou os ânimos de todo mundo. Inclusive do seu pai, que ficou uma fera com você. - Falou se aproximando de mim e me dando aquele abraço de urso. O Ro, era muito alto e forte. Eu me sentia segura em seu abraço de irmão. Retribui o abraço e respondi:

- Imagino. 

- Sua mãe disse que vai trazer seu café aqui em cima.

- Obrigada.  - Logo após um beijinho na testa, Ro sai do meu quarto, dando lugar pra mamãe que já estava na porta, com uma bandeja enorme de café da manhã.

- Bom dia, querida! - Saudou daquele jeito animado de sempre, se não fosse pelo seu sorriso triste, poderia ter a esperança que tudo tinha voltado ao normal.

- Colocou a bandeja em cima da cama e me deu um abraço. Aquele abraço que só mãe sabe dar. Escondi a cabeça no seu ombro e murmurei:

- Me perdoa?

- Sempre. - Respondeu me abraçando apertado. 

Sexta-feira mais um capítulo de: Enquanto durar o verão.

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